“Então lhe trouxeram um surdo e gago, e lhe suplicaram que impusesse a mão sobre ele… depois, erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse: Efatá, que quer dizer: Abre-te”. (vv. 32s.)
Cristo suspirou não somente por causa da língua e dos ouvidos desse pobre homem. Tratava-se de um suspiro geral por causa de todos os corações, corpos e almas, e todos os homens, desde Adão até ao último que ainda virá a nascer. Deste modo, o motivo principal do suspiro de Cristo não é que no futuro essa pessoa ainda virá a cometer muitos pecados. Era porque nesse montão de carne e sangue diante de si, o Senhor viu claramente como no paraíso o diabo conseguiu infligir dano mortal ao corpo humano, tornando as pessoa mudas e surdas, e sujeitando-as à morte e ao fogo do inferno.
Naquele dia e em muitas outras ocasiões, Cristo teve diante dos olhos esse quadro da extensão do estrago que o diabo conseguiu fazer por meio da queda de um só homem no paraíso. Ele não olhou somente aqueles dois ouvidos, mas a grande multidão que nasce e ainda há de nascer. De modo que esse evangelho nos apresenta a Cristo como o Homem que aceita a você, a mim e a todos nós, assim como devemos aceitar a nós mesmos, como se ele estivesse envolvido no mesmo pecado e dano em que nós nos encontramos. E ainda nos mostra que ele suspira por causa do diabo invejoso que deu origem a toda essa deformação.